Você já ouviu falar em vaginismo?
Ele é mais comum do que parece, e infelizmente ainda é um tema cercado de silêncio, vergonha e desinformação.
Mas entender o que está acontecendo com o corpo é o primeiro passo para recuperar o controle, o conforto e o prazer que toda mulher merece sentir.
O que é o vaginismo?
O Transtorno de Dor Gênito-Pélvica/Penetração (DGPP), mais conhecida como vaginismo, é uma contração involuntária recorrente ou persistente dos músculos do assoalho pélvico, classificada como superficial (por ex. a vulvodínia) ou profunda, e pode estar associado a fatores psíquicos e biológicos. Quando profunda, é frequentemente associada à dor pélvica crônica.
Essa contração acontece de forma automática sem que a mulher perceba, tornando difícil ou até impossível a penetração durante a relação sexual, ao uso de absorvente interno ou mesmo a realização de exames ginecológicos.
Importante: o vaginismo não é “frescura” ou falta de desejo sexual.
É uma resposta física real, muitas vezes associada a fatores emocionais, experiências anteriores dolorosas, ansiedade, medo da dor ou traumas.
Estudos publicados em revistas científicas como o Journal of Sexual Medicine e International Urogynecology Journal mostram que o vaginismo está relacionado a um aumento da tensão muscular involuntária e à hipersensibilidade da região pélvica, e que o tratamento fisioterapêutico pode proporcionar melhora significativa em poucos meses.
Por que isso acontece?
Os fatores podem estar ligados à educação sexual constrangedora, punitiva ou a vivências sexuais traumáticas. Há também as causas físicas, como anormalidades do hímen, anormalidades congênitas, atrofia vaginal, endometriose, infecções, lesões na vagina, tumores, doenças sexualmente transmissíveis, congestão pélvica, hipoestrogenismo, lubrificação vaginal inadequada, prolapso, entre outros.
O corpo feminino é inteligente e protetor, quando o cérebro interpreta algo como uma ameaça, mesmo que seja apenas a expectativa de dor, ele envia um comando automático de defesa, e os músculos da pelve se contraem, o que cria um ciclo vicioso de tensão-dor-medo.
Porém com o tempo, essa contração pode se tornar um padrão inconsciente, e a mulher passa a associar a penetração à dor e à frustração. A contração dos músculos do assoalho pélvico viram um ciclo: a dor na relação gera mais contração, que gera mais dor, e mais evitação da relação. Chega a um ponto que só de imaginar em ter relação, a mulher pode contrair a musculatura e sentir dor.
Há um Sofrimento Clínico Significativo, pois a disfunção causa angústia e sofrimento, impactando a qualidade de vida, os relacionamentos e a saúde mental da mulher. Mas a boa notícia é que há tratamento, e ele funciona.
É de extrema importância avaliar cada caso com cuidado e atenção, pois muitas vezes, o tratamento com equipe multidisciplinar se faz necessário, e pode envolver ginecologista especializado em sexualidade, o psicólogo e o fisioterapeuta pélvico.
A fisioterapia pélvica é hoje um dos principais pilares no tratamento do vaginismo, com melhora significativa.
É baseado em evidências científicas, seguro, humanizado e adaptado a cada mulher.
O objetivo é ajudar o corpo a reaprender a relaxar, devolvendo confiança, controle e prazer.
O processo envolve:
· Treino de consciência corporal: aprender a respirar corretamente, reconhecer e relaxar os músculos do assoalho pélvico.
· Técnicas manuais e liberação miofascial: reduzem a tensão muscular e o medo do toque.
· Eletroterapia: ajudam a identificar contrações involuntárias e a controlá-las.
· Dessensibilização associada ao uso de dilatadores vaginais: sempre com orientação e respeito ao ritmo da paciente.
· Educação e apoio emocional: entender o próprio corpo é parte essencial da recuperação.
Por que buscar ajuda o quanto antes?
Muitas mulheres demoram anos para procurar ajuda por vergonha, medo de julgamento ou por acharem que “é coisa da cabeça”.
Mas o vaginismo é real! E quanto antes o tratamento for iniciado, mais rápido e eficaz é o resultado, A fisioterapia pélvica oferece um espaço seguro, empático, acolhedor e livre de julgamentos, onde cada conquista é respeitada e celebrada.
O tratamento do vaginismo é uma jornada de autoconhecimento, autocuidado e reconexão com o próprio corpo.