Passar por uma prostatectomia radical é um marco importante na vida do homem, uma etapa que exige coragem, responsabilidade e decisões maduras. Mas o que muitos não sabem é que o sucesso da cirurgia não se limita à retirada do tumor. Ele continua depois, no processo de recuperação funcional.
E é justamente aqui que alguns homens falham: ignoram sinais, normalizam sintomas e atrasam o início da reabilitação, prolongando limitações que poderiam ser evitadas.
Hoje existe ciência, técnica e experiência clínica suficientes para afirmar que a fisioterapia pélvica é ferramenta fundamental e eficaz na recuperação da continência urinária e da função sexual após a cirurgia. E quanto mais cedo o tratamento começa, melhores são os resultados.
Por que isso acontece? Um olhar realista e baseado em evidências
A prostatectomia radical, embora seja um procedimento eficaz contra o câncer de próstata, pode afetar estruturas fundamentais para o controle da urina e para a ereção. Nervos, músculos e vasos que atuam em conjunto passam por manipulação cirúrgica, e isso altera seu funcionamento, mesmo nas técnicas mais modernas.
Estudos recentes são unânimes:
· Até 87% dos homens apresentam incontinência urinária nas primeiras semanas.
· A disfunção erétil é frequente, especialmente quando o paciente já apresentava fragilidades antes da cirurgia.
· A reabilitação precoce reduz o tempo de recuperação e melhora significativamente a qualidade de vida.
Isso significa que não é fraqueza, não é “normal da idade”, não é “frescura”.
É fisiologia. E fisiologia se trata com conhecimento, estratégia e acompanhamento especializado.
Fisioterapia pélvica: o caminho entre você e sua vida de volta
A fisioterapia pélvica atua exatamente nos pilares afetados pela cirurgia, e com técnicas específicas:
✔ Reeduca os músculos responsáveis pela continência urinária
✔ Acelera a aprendizagem motora com biofeedback
✔ Auxilia no retorno da função erétil
✔ Melhora a autoestima e a segurança nas atividades diárias
Retomar a vida social, sexual e profissional sem medo de “vazamentos” ou falhas é parte fundamental da recuperação.
E se eu não tratar
Esse é o ponto que poucos falam, mas que precisa ser dito com clareza.
Adiar o tratamento significa:
· prolongar a perda urinária;
· aumentar o risco de incontinência persistente;
· atrasar a recuperação da ereção;
· conviver mais tempo com vergonha, limitações sociais e impacto emocional;
· aumentar custos futuros com tratamentos mais invasivos.
Ou seja: o tempo é um fator decisivo.
Quanto mais cedo começar, menor o sofrimento e maior a chance de recuperação plena.
Como funciona o tratamento na prática
1) Pré-operatório — o diferencial que poucos utilizam
Quando possível, iniciar 2 a 6 semanas antes já prepara o períneo, reduzindo a intensidade da perda urinária no pós-operatório.
É como “ensinar o caminho” ao corpo antes da cirurgia.
2) Pós-operatório imediato — retomada com segurança
Após retirada da sonda, a fisioterapia deve ser iniciada, e de forma gradativa e progressiva sem gerar sobrecarga inicial
4) Acompanhamento contínuo
A evolução é monitorada, ajustada e individualizada.
Muitos pacientes recuperam a continência nos primeiros meses, retornam à vida ativa e retomam sua rotina com confiança.
A decisão está nas suas mãos — e sua saúde também
A fisioterapia pélvica não é “opcional”, nem um detalhe técnico.
É uma etapa essencial do tratamento das sequelas da cirurgia.
Homens que assumem esse cuidado têm:
✔ Mais autonomia
✔ Mais qualidade de vida
✔ Menos tempo de sofrimento
✔ Mais chance de recuperar a função sexual
✔ Retorno mais rápido ao trabalho, treinos e vida íntima
Ignorar os sintomas não os faz desaparecer.
Mas procurar ajuda muda tudo.
Se você ou alguém próximo passou por uma prostatectomia, a melhor hora de iniciar a reabilitação é agora.